21 de janeiro de 2011

PERIGO! ESTERÓIDES ANABOLIZANTES



Para se obter hipertrofia muscular, ou seja, o aumento do volume e da capacidade de força das fibras dos músculos esqueléticos, é necessário seguir um treinamento baseado em exercícios musculares localizados com sobrecarga (musculação). Acontece que há praticantes de atividades físicas, atletas ou não, que não se contentam com o treinamento e utilizam um catalisador da hipertrofia que é artificial e bastante perigoso: as drogas anabolizantes. Apesar dos seus visíveis resultados iniciais, o uso dessas drogas deve ser combatido, pois os perigos que elas apresentam em médio e longo prazo são bem maiores e bem menos controláveis do que os ganhos.

Os chamados anabolizantes são ingeridos ou injetados por um número crescente de jovens, a maioria interessada nos seus efeitos estéticos. Com algumas doses semanais e um treinamento regular, garotos até então magros exibem rapidamente corpos musculosos e modelados, acreditando com isso garantir aceitação e destaque no meio social. O efeito externo chega a ser impressionante. Geralmente as drogas anabolizantes provocam um grau de hipertrofia que, por razões genéticas, não seria alcançado por métodos naturais. Logicamente, o usuário fica deslumbrado com o resultado. Mas a externa forma “perfeita” oculta o estrago que acontece por dentro. Como os prejuízos nem sempre se manifestam logo, costuma ser difícil convencer os novos adeptos da droga de que ela não é a maravilha que eles imaginam.

O nome correto desse tipo de droga é esteróide anabólico androgênico. Trata-se de uma versão sintética (ou seja, uma imitação) de hormônios produzidos pelo organismo, ligados à função sexual masculina. A imitação tem, portanto, as mesmas funções dessas substâncias. Lembremos algo sobre elas: as glândulas sexuais e as supra-renais secretam hormônios classificados como esteróides, os quais se subdividem em estróginos, andróginos e cortizona. Dentre os esteróides andróginos (responsáveis por características e funções masculinas, mas presentes também nas mulheres, embora em menor quantidade) está o grupo dos esteróides anabólicos, que se encarregam, entre outras coisas, do aumento da massa muscular (inclusive o crescimento normal), ou seja, do anabolismo muscular.

Os esteróides anabólicos interferem na síntese de proteínas. Como o organismo já produz seus próprios esteróides naturais, e para isso já obedece ao estímulo do treinamento físico, aumentando (anabolismo) as fibras musculares, o uso dos esteróides acrescenta trabalho para as células, que acabam superprovidas de proteínas. Lembre-se de que as células musculares não se multiplicam; logo só lhes resta aumentar seu tamanho.

O aumento do nível de hormônios além do normal causa diversos efeitos no organismo, efeitos esses que variam de uma pessoa para outra, conforme seu material genético e também conforme sua alimentação, seus hábitos e os medicamentos que toma. O aumento da massa muscular é apenas um desses efeitos. Paralelamente à hipertrofia, ocorrem outras alterações. Se pensarmos nas funções com que estamos mexendo, nem poderemos dizer que elas são inesperadas. Como os hormônios em questão são responsáveis pela identidade masculina do indivíduo, é natural que um aumento nos níveis desses hormônios acarrete, por exemplo, uma voz mais grossa e o surgimento ou desenvolvimento de pêlos espessos, inclusive nas mulheres. Outras conseqüências comuns do uso de esteróides andróginos são mudanças comportamentais, como impulsos para a violência decorrentes do aumento da agressividade.

É deveras limitado enxergar o esteróide anabólico como um mero embelezador. Essas drogas não são produtos cosméticos! São substâncias que interferem no funcionamento do corpo e da cabeça, podendo transformar uma pessoa de forma bastante traumática. Não são raros os casos de mulheres usuárias que começaram a adquirir aparência viril, às vezes mais masculina que a de muitos homens, com direito a queixo largo e barba no queixo. Também não são casos isolados os atletas que já foram hospitalizados com sérios danos renais e hepáticos (inclusive câncer), que se somam a problemas como calvície avançada, acne severa, hipertrofia da próstata, hipertensão, tremores, retenção de líquidos, dores nas juntas, aumento da pressão sangüínea, aumento do colesterol ruim e baixa no colesterol bom, dor de cabeça, entre outros. Muitos dirão que nunca apresentaram nenhum desses sintomas, e alguns podem não estar mentindo. Mas isto não os livra do perigo. Como ficou dito anteriormente, os efeitos variam bastante de uma pessoa para outras, e as conseqüências podem não ser imediatamente associadas à ação dos esteróides. Sem falar nos perigos das dezenas de drogas ilegais que entram no mercado por meio de comerciantes e “instrutores” de musculação de profissionalismo duvidoso.

Outros efeitos graves do uso prolongado ou muito freqüente, já relatados, incluem redução no tamanho dos testículos e no número de espermatozóides, impotência, infertilidade, desenvolvimento de mamas em homens e dificuldade ou dor para urinar. Em adolescentes, pode ocorrer maturação esquelética prematura e puberdade acelerada, com o risco de um crescimento raquítico. As drogas também podem causar dependência, se o usuário se sentir deprimido ao interromper o uso e ver seu corpo “murchar” .

Os principais esteróides anabolizantes são: oximetolona, metandriol, donazol, fluoximetil testosterona, mesterolona, metil testosterona. No nosso país os mais utilizados são a Testosterona e Nandrolona.

Não existe, no Brasil, estimativa do número de usuários, principalmente em se tratando de um mercado informal, mas sabe-se que o consumidor preferencial está entre 18 a 34 anos de idade e em geral é do sexo masculino . Enquanto não há mecanismos seguros contra o acesso a essas drogas, nossa melhor arma é a informação. Cabe aos profissionais da saúde, principalmente os de Educação Física, que são geralmente os mais procurados pelos praticantes de atividades físicas para esclarecer dúvidas a respeito dos efeitos dos esteróides, desviar os jovens dessa busca cega por um “corpo fenomenal”, ajudando-os a construir sua auto-estima de forma saudável.

Mexa-se!